segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

UMA VITÓRIA QUE NÃO VIRA MÉRITO NÃO PASSA DE UMA BELA HISTÓRIA


Que limitação boba essa nossa de viver um dia por vez. Esse negócio de atravessar a ordem do tempo em fila indiana definitivamente não está com nada! Digo isso levando a efeito a efêmera duração de nossas conquistas. Aliás, gosto muito de falar sobre elas. As vitórias dão sentido à vida. Justificam nossas tragadas de oxigênio, costumo dizer!

O alcance dos objetivos a que estamos propostos traz consigo uma série de significados de suma importância em nossa história.
Vivenciar uma conquista legitima sempre uma espera, nos permitindo entender situações que quando vividas figuravam como descabidas.
Também encerram ciclos, tal qual um ponto final encerra uma frase, a vitória pode ser entendida como o triunfo de uma jornada.
Vencer também nos predispõe a novos alvos. A insatisfação perene, matriz do desenvolvimento psíquico segundo Freud, se encarregará de nos indicar novas metas,novos sonhos, novos objetivos.

Tudo seria perfeito, a não ser por um detalhe: Toda vitória tem prazo de duração. E é exatamente aí que faço valer meu lamento sobre a irresistível lei da física que descreve nosso condicionamento ao tempo e espaço.

A vitória de hoje só terá o sabor da vitória no hoje! Depois, pouco a pouco torna-se esquecida, ou meramente oclusiva. 

O tempo, conforme já disse em outro texto, é o meio por onde nos estabelecemos como seres em evolução. O ato de vencer é perene porque não se estende para além de sua manifestação. Não se impera sobre o mesmo objetivo duas vezes na mesma circunstância.

 A vitória possui um caráter inutilizante pouco comentado.

Conheço a história de um garoto que com sua valentia derrotou sozinho um gigante. Foi muito celebrado, e mais tarde tornou-se rei de seu povo. Tal rei não se valeu daquela vitória para basear sua estratégia de vida. Tratou-se de buscar novas vitórias, novos desafios. Davi já possuía méritos que o antecediam, e que, provavelmente lhe favoreceram às vitórias que vieram.

Acredito que o que faz uma vitória tornar-se mérito é a continuidade que o vencedor dedica ao alcance de novos objetivos, caso contrário, sobrariam memórias de grandiosas histórias. Não mais que isso.

Um mérito é uma extensão do ato de vencer. Talvez seja essa a única forma de atravessar a linha do espaço e tempo portando algo por debaixo do braço.

Uma vitória não convertida em mérito é o que chamo de ato de sorte.

Celebrar uma vitória é uma forma de transformá-la em mérito. Portanto, comemore cada objetivo alcançado, lembrando tal sensação irá passar.

Conquistar e merecer deveriam ter o mesmo significado. Talvez até tenham no mundo dos esforçados.

"Enquanto dançavam, as mulheres cantavam: 'Saul matou milhares, e Davi, dezenas de milhares'".
(1Samuel 18:7)

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